Do abuso de drogas e do esgotamento profissional

O ambiente de trabalho age diretamente na vida do trabalhador. Para ser mais direto, o trabalho e mesmo o ambiente de trabalho geram doenças, que por sua vez limitam as forças de trabalho e também geram incapacidade permanente para fins do exercício profissional.

Não há mais como dissociar saúde e local de trabalho. O que poderia ser uma simples compreensão mais ampla, restou recepcionada com a recente atualização promovida pelo Ministério da Saúde referente a lista de doenças relacionadas ao trabalho.

Tal atualização inseriu o abuso de drogas, tentativa de suicídio e a síndrome de burnout (síndrome de esgotamento profissional) como circunstâncias que estão relacionadas ao trabalho e, portanto, precisam ser encaradas dessa forma, visando o restabelecimento deste profissional ou mesmo um afastamento, onde sejam garantidos os meios de subsistência e não mais somente como um motivo de exoneração e eliminação do quadro do servidor/trabalhador que apresente tais patologias.

Este cenário deixa crível que é necessário que os gestores de RH voltem sua atenção para a saúde física e mental de seus comandados, onde sem um procedimento que preserve ou acolha essa pessoa, todos os atos praticados serão ainda mais desencadeadores dos sintomas já presentes.

Deveras o que se observa na prática é que passado período de laudo/atestado nada é feito pensando na melhoria do ambiente de trabalho, tudo é considerado como problema do servidor, a administração entende que está tudo certo e que não tem nenhuma responsabilidade nesse processo.

Trocas contínuas de setores, ambientes com poucos servidores e muitas tarefas, chefias e direções sem o conhecimento adequado para tratar dessas situações produzem um cenário ideal para o surgimento de tensões, que não resolvidas serão absorvidas pelo profissional e redundará no esgotamento e a partir desse, na busca por soluções artificiais, culminando com a tentativa de tirar a própria vida.

Todo esse conjunto de informações para desmistificar o preconceito e proporcionar uma visão mais real sobre esse flagelo. A mão-de-obra ainda é peça fundamental de todo e qualquer empreendimento e o quanto antes houver a consciência de que o trabalho deve ser fonte de dignidade e não de doença, melhor será para toda a coletividade. O trabalho não se remunera somente com o salário e sim com integridade, respeito e medidas eficazes para manter ou resguardar a saúde do servidor.